A conta não fecha: o Brasil produtivo está encolhendo
- Alex Lopes

- 4 de nov.
- 3 min de leitura
Segundo estimativas recentes do IBGE, o Brasil possui 213,4 milhões de habitantes (julho de 2025). Deste total, cerca de 174,8 milhões estão em idade de trabalhar (2023) — um contingente imenso de potencial produtivo.
Mas a realidade é dura: apenas cerca de 60 milhões de brasileiros, somando setor privado e público, estão efetivamente engajados em atividades formais e produtivas atualmente.
Em contrapartida, mais de 50 milhões de pessoas recebem benefícios sociais pelo Bolsa Família.
E, ainda, outros 40,4 milhões são beneficiários de aposentadorias e pensões do INSS.
Ou seja, no fim das contas, somos um país onde uma minoria produz para sustentar a maioria — um desequilíbrio que desafia qualquer modelo fiscal de longo prazo.
⚖️ O paradoxo da “plena ocupação”
O IBGE divulgou recentemente uma taxa de desemprego do Brasil está em 5,6% (dados do trimestre móvel encerrado em julho de 2025), o que, em uma visão simplista, parece um cenário quase ideal. Porém, o número esconde uma realidade incômoda.
Pela metodologia mundialmente adotada pela OIT (Organização Internacional do Trabalho - em inglês, International Labour Organization – ILO), é considerado desempregado somente quem procura ativamente emprego, ou seja, os milhões de brasileiros fora da força de trabalho — desalentados, beneficiários de programas sociais (como o bolsa família), aposentados precoces e informais sem registro — não entram nessa conta.
Desta forma, temos menos desemprego no papel, mas mais ociosidade na prática. Uma economia que cresce em estatísticas, mas estagna em produtividade.
🏭 A engrenagem que parou de girar
Na lógica da economia clássica, o desenvolvimento de uma nação depende da capacidade de gerar riqueza real — e essa riqueza nasce do trabalho, da produção e da circulação de bens e serviços.
Quando apenas uma parcela reduzida da população trabalha e produz, o equilíbrio entre produção, consumo e arrecadação se rompe.
A indústria desacelera, o comércio retrai, o Estado arrecada menos — e, paradoxalmente, gasta mais para sustentar programas sociais e uma máquina pública inchada e ineficaz.
A equação não fecha: a base produtiva é pequena demais para sustentar o peso fiscal e social do país. O sistema se mantém de pé apenas com aumento de impostos, endividamento público e expansão de crédito artificial. É um crescimento sustentado não pela produtividade, mas pela injeção de liquidez e gasto estatal — o tipo de expansão que Adam Smith e David Ricardo já alertavam ser insustentável.
🧨 O risco de um colapso fiscal anunciado
Hoje, 60 milhões produzem enquanto mais de 90 milhões dependem direta ou indiretamente do Estado. Essa pirâmide está de cabeça para baixo.
Enquanto o governo expande despesas para manter o consumo no curto prazo, o investimento produtivo murcha e a formação de capital desaparece.
A médio prazo, isso leva àquilo que já conhecemos bem: pressão fiscal crescente, juros altos e baixo crescimento.
A questão é clara: O Estado pode continuar gastando indefinidamente, quando cada vez menos pessoas produzem a riqueza que o sustenta?
🧭 O caminho da reconstrução
O Brasil precisa revalorizar o trabalho e o mérito. Não há desenvolvimento sustentável sem educação técnica, meritocracia, produtividade e competitividade.
É hora de reconstruir o pacto produtivo nacional:
Simplificar o sistema tributário;
Garantir segurança jurídica;
Estimular o investimento e o empreendedorismo;
Diminuir a participação do Estado na economia;
Reduzir a dependência estatal e o peso da burocracia.
Um país não se sustenta quando o Estado é o principal empregador, pagador e consumidor. Sustenta-se quando o setor produtivo volta a liderar o ciclo da prosperidade.
🧩 Conclusão: o dilema que o Brasil precisa encarar
A economia clássica continua atual: riqueza não se cria por decreto, e nenhum país cresce distribuindo o que não produziu. O Brasil vive uma contradição: poucos produzem, muitos dependem — e todos esperam que o Estado resolva.
Mas até quando essa conta vai fechar? Será que estamos construindo uma economia de produtores… ou uma sociedade de dependentes?
💬 E você, o que pensa sobre isso?
O Brasil precisa repensar seu modelo produtivo ou apenas administrar melhor o gasto público?
Deixe sua opinião — o debate é mais urgente do que parece.
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