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📊 Análise Semanal – Boletim Focus (03/11/2025)



🧭 Introdução


O Relatório Focus é divulgado todas as segundas-feiras pelo Banco Central do Brasil e apresenta as expectativas de mercado coletadas até a sexta-feira anterior.


Ele resume as projeções para inflação, PIB, câmbio, taxa Selic, contas externas e situação fiscal.


Vale lembrar: as projeções são do mercado, não do Banco Central — o Boletim Focus funciona como um termômetro das percepções dos agentes econômicos sobre o rumo da economia brasileira.


Mas afinal, quem são esses “agentes econômicos” que o BC consulta?


O Banco Central coleta informações de cerca de 140 instituições financeiras e consultorias econômicas, que alimentam o Sistema de Expectativas de Mercado (SEM).

Entre esses participantes estão:

- Bancos comerciais e de investimento (ex.: Itaú, BTG, Bradesco, Santander)

- Corretoras e distribuidoras

- Gestoras de recursos e fundos de investimento

- Consultorias econômicas e casas de análise independentes

- Empresas não financeiras com área econômica estruturada


Cada instituição envia suas projeções quantitativas para indicadores como IPCA, PIB, câmbio, Selic, conta corrente e dívida pública.


O Banco Central, então, compila e publica apenas as medianas, sem identificar a origem das respostas — garantindo anonimato e imparcialidade.


O resultado é um retrato fiel da “média do mercado”: um consenso (ou dissenso) sobre o que se espera da economia brasileira nos próximos meses e anos.


📈 Panorama Geral


O boletim desta semana (referente às expectativas até 31 de outubro de 2025) mostra estabilidade nas principais variáveis, com ajustes marginais nas projeções de inflação e leve melhora nas contas externas.


O mercado mantém uma postura cautelosa, aguardando sinais mais claros sobre o ritmo da política monetária e a sustentabilidade fiscal.



💰 Inflação (IPCA)


- 2025: 4,55% → queda marginal (de 4,56% na semana anterior)

- 2026: 4,20% (estável)

- 2027: 3,80% → leve recuo (de 3,82%)

- 2028: 3,50% → queda leve


📌 Análise:

A descompressão gradual nas projeções reforça o cenário de inflação controlada, entretanto, ainda acima da meta de 3% (Com um intervalo de tolerância de ±1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Isso significa que a inflação é considerada dentro da meta se o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado em 12 meses estiver entre 1,5% (limite inferior) e 4,5% (limite superior).).


Os preços administrados — agora projetados em 4,95% — continuam pressionando o índice geral, o que limita a expectativa de cortes mais agressivos na Selic no curto prazo e médio prazo.



📊 Atividade Econômica (PIB)


- 2025: 2,16% (estável há quatro semanas)

- 2026: 1,78% (sem alteração)

- 2027: 1,90% → leve alta

- 2028: 2,00% (estável)


📌 Análise:

O mercado vê uma economia em desaceleração controlada e preocupante, com o consumo sustentando o ritmo enquanto o investimento segue travado pela incerteza fiscal e pelos juros elevados.


Há pouco espaço para surpresas positivas até que o crédito volte a fluir com mais intensidade.


💵 Câmbio


- 2025: R$ 5,41/US$ (estável)

- 2026 a 2028: R$ 5,50/US$ (sem alteração)


📌 Análise:

O real permanece pressionado, mas sem volatilidade excessiva.


A estabilidade nas projeções reflete um equilíbrio entre fundamentos e uma certa preocupação com o risco fiscal, sobretudo em ano de eleição — ainda que o viés continue levemente depreciativo, caso o cenário externo endureça ou as metas fiscais não avancem.



🏦 Política Monetária (Selic)


- 2025: 15,00% (estável)

- 2026: 12,25%

- 2027: 10,50%

- 2028: 10,00%


📌 Análise:

As projeções indicam uma trajetória de queda gradual e cautelosa dos juros.


O mercado não enxerga espaço para uma Taxa Selic abaixo de dois dígitos antes de 2028, refletindo a postura conservadora do Banco Central frente à desinflação lenta e ao cenário fiscal ainda frágil.



🌍 Setor Externo


- Conta Corrente: déficit de US$ 71,3 bilhões (piorando em relação à semana anterior)

- Balança Comercial: superávit de US$ 62 bilhões (estável)

- Investimento Direto no País: US$ 70 bilhões (sem alteração)


📌 Análise:

A balança comercial segue sólida, mas o déficit em conta corrente se amplia, pressionado por importações e remessas mais fortes.


O investimento direto se mantém estável, garantindo algum conforto no financiamento externo — um dos poucos pontos de resiliência no cenário atual.



💸 Fiscal


- Resultado Primário (2025): -0,50% do PIB

- Dívida Líquida do Setor Público: 65,8% do PIB (estável)


📌 Análise:

A ausência de mudanças nas expectativas fiscais revela um certo desconforto do mercado com a falta de avanços estruturais do governo.

A dívida segue sob controle no curto prazo, mas a falta de ancoragem de médio prazo preocupa, especialmente com pressões políticas por mais gastos.



🧩 Conclusão – O Nó Fiscal e o Ano Pré-Eleitoral


A fotografia que o Boletim Focus entrega nesta semana é clara: a política monetária esta fazendo sua parte, a inflação mostra sinais que esta cedendo, e a economia resiste — mas o desequilíbrio fiscal segue sendo o calcanhar de Aquiles do país.


O mercado já não reage a promessas, quer ver resultados concretos, especialmente em um cenário em que o gasto público cresce mais rápido do que a arrecadação e não há espaço para a criação de novos impostos e tributos.


A falta de medidas estruturais — como uma reforma administrativa ou um regramento mais rígido do arcabouço fiscal — mina a confiança e mantém a curva de juros longos pressionada.


Ademais, com as eleições de 2026 se aproximando, aumenta o risco de um viés expansionista na política fiscal, seja por aumento de transferências, seja por políticas de estímulo de curto prazo.


Essa expectativa já começa a se refletir nas projeções estáveis (ou levemente piores) para a dívida pública e o resultado primário, indicando descrença na disciplina fiscal.


Em resumo: o país não enfrenta um cenário de crise, mas está andando no limite da credibilidade e talvez indo a beira de um estado de solvência.


Sem reformas, o crescimento seguirá medíocre, e a política monetária continuará fazendo o trabalho que deveria ser dividido com a política fiscal.


💬 Quer debater ou tirar dúvidas sobre os dados desta semana?


Deixe seu comentário ou sugestão abaixo — a troca de ideias é o que enriquece a análise e ajuda a entender os rumos da economia real.


🧠 Resumo Executivo


Indicador

Semana Anterior

Atual

Tendência

IPCA 2025

4,56%

4,55%

🔽

PIB 2025

2,16%

2,16%

Selic 2025

15,00%

15,00%

Câmbio 2025

5,41

5,41

Conta Corrente (US$ bi)

-70,8

-71,3

🔽

Balança Comercial (US$ bi)

62,0

62,0

Dívida Líquida/PIB

65,8%

65,8%


📅 *Dados com base no Boletim Focus publicado em 03/11/2025, considerando as expectativas de mercado coletadas até 31/10/2025.*


✍️ Análise: Alex Lopes – Economista


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