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📊 Análise Semanal – Boletim Focus (07/11/2025)

🧭 Introdução


O Relatório Focus é divulgado todas as segundas-feiras pelo Banco Central do Brasil e apresenta as expectativas de mercado coletadas até a sexta-feira anterior.


Ele resume as projeções para inflação, PIB, câmbio, taxa Selic, contas externas e situação fiscal.


Vale lembrar: as projeções são do mercado, não do Banco Central — o Focus funciona como um termômetro das percepções dos agentes econômicos sobre o rumo da economia brasileira.


📈 Panorama Geral


O boletim desta semana (referente às expectativas até 7 de novembro de 2025) mostra estabilidade generalizada nas principais variáveis macroeconômicas.


O mercado mantém o tom de cautela e espera, com poucas revisões e uma leitura ainda conservadora sobre a trajetória da inflação e dos juros.


Apesar da ausência de grandes mudanças, nota-se um viés de preocupação fiscal crescente, especialmente após sucessivas revisões negativas na conta corrente e a dificuldade de convergência do resultado nominal.


💰 Inflação (IPCA)


O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) é o indicador oficial da inflação no Brasil. Ele mede a variação média dos preços de um conjunto de bens e serviços consumidos pelas famílias com renda entre 1 e 40 salários mínimos, abrangendo nove regiões metropolitanas do país.


O índice é calculado e divulgado mensalmente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e serve como referência para o regime de metas de inflação adotado pelo Banco Central.


  • 2025: 4,55% (estável)

  • 2026: 4,20% (estável)

  • 2027: 3,80% (estável)

  • 2028: 3,50% (estável)


📌 Análise:


A estabilidade nas projeções reforça o diagnóstico de inflação sob controle, mas ainda resistente.


O IPCA segue acima do centro da meta (3%), refletindo a rigidez dos preços de serviços e a inércia dos administrados — que voltaram a subir levemente para 4,97%.


O consenso de mercado ainda enxerga pressões moderadas no curto prazo, principalmente vindas do setor de energia e combustíveis. A percepção é de que o processo desinflacionário deve seguir lento, o que sustenta a política monetária contracionista por mais tempo.


📊 Atividade Econômica (PIB)


  • 2025: 2,16% (estável há quatro semanas)

  • 2026: 1,78% (sem alteração)

  • 2027: 1,88% → leve recuo

  • 2028: 2,00% (estável)


📌 Análise:


O mercado segue projetando crescimento moderado, com destaque para o consumo das famílias e o setor de serviços como principais vetores de sustentação.


Entretanto, o investimento produtivo segue fraco, refletindo o ambiente de juros altos e incerteza sobre a trajetória fiscal.


O tom geral é de acomodação da atividade, sem sinais claros de aceleração, e com o PIB convergindo para algo próximo de seu potencial.


💵 Câmbio


  • 2025: R$ 5,41/US$ (estável)

  • 2026 a 2028: R$ 5,50/US$ (sem alteração)


📌 Análise:


O real manteve-se estável, acompanhando o comportamento do dólar global.


O mercado entende que a taxa de câmbio está em nível de equilíbrio, mas permanece vulnerável a choques externos e incertezas fiscais internas.


O viés ainda é levemente depreciativo, especialmente se o ritmo de queda da Selic for mais lento do que o esperado ou se houver frustração com o cumprimento das metas fiscais em 2026.


🏦 Política Monetária (Selic)


  • 2025: 15,00% (estável)

  • 2026: 12,25%

  • 2027: 10,50%

  • 2028: 10,00%


📌 Análise:


A trajetória projetada para os juros permanece inalterada, reforçando a percepção de que o Banco Central manterá o ritmo gradual de cortes.


Na última reunião do Copom, o comitê decidiu manter a taxa Selic em 15,00% ao ano, decisão amplamente antecipada pelo mercado. O colegiado justificou a pausa com base na persistência inflacionária e nas incertezas fiscais, destacando que os riscos para o balanço de preços permanecem assimétricos.


Com a inflação mostrando resistência e o cenário fiscal instável, o mercado descarta qualquer movimento brusco de flexibilização monetária.


O consenso segue sendo o de que a taxa Selic não deve cair abaixo de dois dígitos antes de 2028, o que limita o fôlego da atividade e encarece o custo do capital no médio prazo.


🌍 Setor Externo


  • Conta Corrente: déficit de US$ 72,1 bilhões (piorando)

  • Balança Comercial: superávit de US$ 62,0 bilhões (estável)

  • Investimento Direto no País: US$ 70 bilhões (estável)


📌 Análise:


O setor externo segue refletindo a desaceleração global e a retomada gradual das importações domésticas.


O déficit em conta corrente voltou a crescer principalmente devido ao aumento das importações de bens e serviços e à maior remessa de lucros e dividendos ao exterior. Esse movimento reflete a recomposição da demanda interna e o encarecimento do financiamento externo em um ambiente de juros ainda elevados e dólar valorizado.


Apesar disso, o saldo comercial positivo e o ingresso de investimento direto continuam oferecendo algum suporte ao balanço de pagamentos.


O investimento direto permanece resiliente, ainda suficiente para financiar o déficit em conta corrente, mas sem sinais de expansão relevante, o que reforça o alerta sobre competitividade e ambiente de negócios.


💸 Fiscal


  • Resultado Primário (2025): -0,50% do PIB (estável)

  • Dívida Líquida do Setor Público: 65,8% do PIB (estável)

  • Resultado Nominal: -8,5% do PIB (sem mudança)


📌 Análise:


As projeções fiscais continuam sem melhora perceptível.


O mercado demonstra ceticismo quanto à capacidade de reversão do déficit primário e à sustentabilidade do arcabouço fiscal diante da rigidez orçamentária.


A dívida pública estabilizada no curto prazo dá algum alívio, mas as expectativas para 2027 e 2028 seguem apontando deterioração marginal.


O foco dos agentes permanece nas discussões sobre novas fontes de receita e controle de gastos obrigatórios, temas que continuam sem solução política.


🧩 Conclusão – O Desafio Fiscal e a Confiança do Mercado


O boletim Focus desta semana reforça a mensagem de inércia econômica: inflação resistente, juros altos e crescimento modesto.


Não há sinais de crise iminente, mas o risco de complacência é evidente.


O mercado aguarda avanços concretos no campo fiscal — sem eles, o custo de capital permanecerá elevado, limitando o potencial de expansão da economia.


Com o cenário político se aproximando das eleições de 2026, a tendência é de maior volatilidade nas expectativas, especialmente se o governo optar por medidas de estímulo em detrimento da disciplina fiscal.


Em resumo: o país segue estável, porém vulnerável. A combinação de inflação acima da meta, déficit persistente e crescimento baixo mantém a economia em modo de espera — uma estabilidade que, paradoxalmente, revela fragilidade.


🧠 Resumo Executivo

Indicador

Semana Anterior

Atual

Tendência

IPCA 2025

4,55%

4,55%

PIB 2025

2,16%

2,16%

Selic 2025

15,00%

15,00%

Câmbio 2025

5,41

5,41

Conta Corrente (US$ bi)

-71,3

-72,1

🔽

Balança Comercial (US$ bi)

62,0

62,0

Dívida Líquida/PIB

65,8%

65,8%

📅 Dados com base no Boletim Focus publicado em 10/11/2025, considerando as expectativas de mercado coletadas até 07/11/2025.


✍️ Análise: Alex Lopes – Economista

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